29 de Junho
O dia balançava pelos ponteiros do relógio e a cidade de Coimbra renascia á luz do amanhecer, o grande astro-rei inundava a minha face através da janela empoleirada por fios dourados.
Abri os olhos, o corpo deitado na cama e em carne semi-viva, com as extremidades tapadas pelos calções e um top azulado marcado por um desenho, em forma de estrela no meio do peito.
Vejo todo o caos, que se apoderou em mim no dia anterior. Depois dos beijos de boa noite, a linguagem das primeiras sílabas estão escritas na minha boca que derramam lágrimas no colchão salgado.
A primeira coisa que ocorre é ansiedade e medo, ao ver a cirurgia a ser cancelada na manhã do dia 26 de Junho, a minha alegria tinha sido expulsa, evacuada e afastada dos meus sonhos tão perto da realidade.
O quarto ficou vazio e opaco, o cheiro de tristeza que se fundiu numa manada de desordens incontroláveis. Tudo é diferente. Já não existe, aquele entusiasmo. Estava aborrecida, chateada e irritada comigo própria, por ter acreditado, que era o meu dia onde tudo iria mudar.
Mal esperava, sai da Unidade Hospitalar em direcção a um restaurante, um delicioso almoço com batatas fritas e leitão fresco e aí no presente instante, o hospital ligara para a minha mãe a dizer, para eu estar internada no dia seguinte. Fiquei de pé, com o garfo na mão, a pular que nem uma louca.
Olhares desconhecidos fixavam-me intrasigentes perante o meu comportamento. Estava extasiada de alegria, nem queria acreditar, fora tudo tão rápido. A noite adormeceu, mal consegui fechar os olhos e dar asas aos sonhos. Fui implantada no dia como hoje, o dia mágico com dois números 29 numa bela manhã solarenga, de céu azul, com pássaros a cantar e voar freneticamente.
A minha vida conduziu depressa demais, deixei que a obra do desconhecido se aponderasse em mim e espantosamente não senti medo.
Nada de nada.
Estava tão calma, muito serena e em paz para comigo mesma. Fechei os olhos e apercebi da adrenalina ia invandir o meu ser, gostei de sentir assim, percorri até ao extremo onde ninguém tinha ido e é incapaz de lá conhecer.
Procurava-te Sun Melody, cada vez estavas mais perto e os dedos do cirurgião tentavam desesperadamente ligar-nos, na sombra dos tecidos, do meu sangue até ás vedações dos eléctrodos. Tu procuravas a mesma coisa, e chegaste ao mesmo sítio que eu.
Após uma longa caminhada de acertos, encontramo-nos frente a frente e ligados na aldeia dos sons que mais tarde seria uma grande cidade sonora, sempre a crescer!
Parabéns a nós.
O dia balançava pelos ponteiros do relógio e a cidade de Coimbra renascia á luz do amanhecer, o grande astro-rei inundava a minha face através da janela empoleirada por fios dourados.
Abri os olhos, o corpo deitado na cama e em carne semi-viva, com as extremidades tapadas pelos calções e um top azulado marcado por um desenho, em forma de estrela no meio do peito.
Vejo todo o caos, que se apoderou em mim no dia anterior. Depois dos beijos de boa noite, a linguagem das primeiras sílabas estão escritas na minha boca que derramam lágrimas no colchão salgado.
A primeira coisa que ocorre é ansiedade e medo, ao ver a cirurgia a ser cancelada na manhã do dia 26 de Junho, a minha alegria tinha sido expulsa, evacuada e afastada dos meus sonhos tão perto da realidade.
O quarto ficou vazio e opaco, o cheiro de tristeza que se fundiu numa manada de desordens incontroláveis. Tudo é diferente. Já não existe, aquele entusiasmo. Estava aborrecida, chateada e irritada comigo própria, por ter acreditado, que era o meu dia onde tudo iria mudar.
Mal esperava, sai da Unidade Hospitalar em direcção a um restaurante, um delicioso almoço com batatas fritas e leitão fresco e aí no presente instante, o hospital ligara para a minha mãe a dizer, para eu estar internada no dia seguinte. Fiquei de pé, com o garfo na mão, a pular que nem uma louca.
Olhares desconhecidos fixavam-me intrasigentes perante o meu comportamento. Estava extasiada de alegria, nem queria acreditar, fora tudo tão rápido. A noite adormeceu, mal consegui fechar os olhos e dar asas aos sonhos. Fui implantada no dia como hoje, o dia mágico com dois números 29 numa bela manhã solarenga, de céu azul, com pássaros a cantar e voar freneticamente.
A minha vida conduziu depressa demais, deixei que a obra do desconhecido se aponderasse em mim e espantosamente não senti medo.
Nada de nada.
Estava tão calma, muito serena e em paz para comigo mesma. Fechei os olhos e apercebi da adrenalina ia invandir o meu ser, gostei de sentir assim, percorri até ao extremo onde ninguém tinha ido e é incapaz de lá conhecer.
Procurava-te Sun Melody, cada vez estavas mais perto e os dedos do cirurgião tentavam desesperadamente ligar-nos, na sombra dos tecidos, do meu sangue até ás vedações dos eléctrodos. Tu procuravas a mesma coisa, e chegaste ao mesmo sítio que eu.
Após uma longa caminhada de acertos, encontramo-nos frente a frente e ligados na aldeia dos sons que mais tarde seria uma grande cidade sonora, sempre a crescer!
Parabéns a nós.