Olá a todos! Sou a Dèbora, tenho 16 anos e estou implantada há 14 anos. Com dois anos os meus pais perceberam que eu não reagia aos sons e que o desenvolvimento da minha linguagem tinha parado. Correram muitos médicos comigo até que em Coimbra disseram á minha mãe que o seu bébé de dois anos e caracolinhos dourados tinha surdez profunda. Para mim tudo era estranho... os médicos, os exames... mas para os meus pais sei que foi o maior choque da vida deles, quando em Coimbra lhes disseram: « está aqui o implante (dentro de uma caixa) pegue nele e na sua filha e vá para os Covões e se tiver um acidente deixe ir o carro mas salve o implante»... 14 anos depois a minha mãe ainda se lembra destas palavras como se lhas tivessem dito hoje. Nunca soubemos a causa da minha surdez... e o mundo caiu na cabeça dos meus pais, perante o diagnóstico á sua única filha... Lá fui implantada e e pelo que sei reagi muito mal aquele burburinho de sons novos na minha cabeça... Conta a minha mãe que durante anos ninguém conseguia que eu me aproximasse de edificios grandes e brancos. Naquela altura, 1995/96, não eramos muitos, era tudo novo e experimental. Passei a minha infância a sentir-me diferente e a ser rejeitada por todos na escola . Tornei-me numa adolescente envergonhada e um pouco tímida. Hoje já não sei viver sem o meu aparelho. Tenho ainda um spectra 22 que de momento está avariado e a widex diz que já não há peças. Os meus pais não tem condições para me comprar o novo modelo. O que significa que neste momento estou fora do mundo dos sons, sinto falta de ouvir música e de ouvir o meu irmão que tem 5 anos a contar as suas histórias. A minha mãe anda á procura de ajudas para resolver o problema... Só posso esperar. Beijinhos a todos