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Crónicas Cocleantes

4 participantes

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1Crónicas Cocleantes Empty Crónicas Cocleantes Sáb Jun 05, 2010 8:18 pm

Alice

Alice
Admin
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Já escuto muita coisa para quem esteve 20 anos sem ouvir, resumido falamos de duas décadas silenciosas e só de olhar para trás, desde a cirurgia ao dia da activação muita coisa alterou, tenho agora 2 anos e 10 meses de activada.

Já arrisco mais em conversar ao telemóvel com a minha família e amigos mais chegados, sempre há progressos e conquistas sonoras, mesmo depois da fase do deslumbramento, das redescobertas sinto que as coisas começam a estabilizar-se, e os sons são meros ruídos banais do dia a dia, selectivos com o que quero ou não ouvir.

Não quer dizer, que os progressos tenham parado de evoluir, na verdade cheguei a uma etapa que se chama de estagnação auditiva, sinal de que provavelmente necessite de um novo reajuste na programação pois a minha reabilitação está longe de chegar ao fim, mas noto diariamente em termos auditivos uma percepção bastante aguçada que por vezes fico surpreendida de como eu, surda profunda possa ouvir a um nível elevado.

Portanto, vou tentar colar as minhas crónicas cocleantes aqui neste fórum, copiando os textos em que costumo escrever no meu blogue "Sou uma Cyborg - Ouvido Implantado" à medida que for escrevendo da minha autoria, um testemunho real e acima de tudo um caso único.

Hoje é tudo.
Alice



Última edição por Alice em Sáb Jun 05, 2010 8:41 pm, editado 1 vez(es)

http://ouvido-bionico.blogspot.com

2Crónicas Cocleantes Empty Re: Crónicas Cocleantes Sáb Jun 05, 2010 8:26 pm

Alice

Alice
Admin
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Sexta, 4 de Junho 2010

"Pus-me a caminho para a paragem de autocarros, ouvia o crepitar leve e sussurrante das árvores nesta tarde cálida, decidi ficar em pé à sombra enquanto esperava o transporte. Chegou. Validei o passe magnético e sentei-me no penúltimo lugar do lado esquerdo com o motor a rugir furiosamente.

A pesada viatura continuou a ser conduzida pelo motorista, subiu ao cimo de uma pequena colina e iniciou a longa descida no meio dos campos agrestes serpenteando até que mais à frente parou. Entrou um homem, que pelo aspecto seria brasileiro com os fones colados nos ouvidos, escolheu instalar-se atrás de mim.

O suor encharcava-me, escorria água salgada na pele da minha face e nesse momento apercebo de uma música qualquer, cheia de ritmo a tocar. Uma coisa foi certa, não vinha da viatura. Continuei a ouvir, só me apetecia pôr o corpo a abanar e dançar! O volume da música começou a oscilar-se entre o médio e alto, continuava a procurar o ponto de origem da melodia... ora virei a cabeça para a direita nada, e agora na esquerda - ei-la! Está atrás de mim, daquele homem com os fones nos ouvidos que logo à partida devia ter o volume no máximo.

Ainda mais surpreendida fiquei, pelo simples facto de estar dentro do autocarro assentada acima do motor a rugir impacientemente, um bailando grave e agudo de mãos dadas."

Alice

http://ouvido-bionico.blogspot.com

3Crónicas Cocleantes Empty Re: Crónicas Cocleantes Ter Jun 29, 2010 9:56 am

Alice

Alice
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Antevisão da Cirurgia em 2007

Há 3 anos, neste dia (quarta-feira de 2007) os meus pés pisaram Coimbra, e assim iniciou a serenata travessada do sonho e realidade. No restaurante petiscava leitão com batata frita, e de repente o telemóvel toca no meio da grande multidão de comedores esfomeados... era a Dra.S. dizer para estar internada no dia seguinte no Hospital dos Covões ás 10h da manhã.

Fez-se o riso de felicidade, os meus olhos encheram-se de água, foi talvez o melhor presente da minha vida, de algo que viria a me devolver o que havia perdido para sempre. A tão almejada audição.

Assim encadeia emoções de um sonho real.

http://ouvido-bionico.blogspot.com/2010/06/antevisao-da-cirurgia-em-2007.html

Antevisão da Cirurgia em 2007 - II

Despertei e o apartamento do meu primo residia silencioso, vi as horas, eram 8 de manhã. Encaminhei com as minhas roupas para a casa de banho, e através do vidro o sol nascia abrilhantando o azul do céu, vinha aí o calor de verão.
Tomei um duche de água fria, pus creme e escovei os dentes por fim o cabelo, olhei-me ao espelho. Pensei, é hoje!

Comecei preparar a mala de internamento, não podia esquecer de nada sob pena de estar em perfeito delírio de uma seca mirabolante, a de não fazer nada nos próximos 7 dias. Chinelos, cuecas, soutien´s, gel de banho e châmpoo. Revistas e livros guardados, dois pares de pijama com fecho de abertura para facilitar a retirada com um monte de ligaduras envoltas na cabeça. Garrafas de água. Iogurtes. Tudo estava feito.

Saímos a caminho para o Hospital dos Covões, visivelmente ansiosa vejo rostos de preocupação, tudo vai correr bem digo. Chegámos. A dra.S. respondeu no dia anterior que tínhamos de estar presentes no edifício principal da ORL, não era necessário dirigir no balcão de atendimento, bastava ligar para ela. Ok. Não foi preciso pegar no telemóvel, já vinha ter connosco e num impasse pronuncia "Olá A. como estás? Estás pronta?" abano a cabeça em sinal de confirmação e mais uma vez leio os seus lábios "Olha A. eu e a equipa chegámos à conclusão de que afinal não a vamos implantar no pior ouvido, no direito, optamos pelo esquerdo."

Aquilo apanhou-me de surpresa, já estava mentalizada de que seria no direito, e por curiosidade abordei a questão, de porquê ser no ouvido esquerdo, o mundo parecia querer andar ao contrário. Pelo menos assim me pareceu, naqueles segundos exaltados, e a Dra. S. prontamente concedeu "Os dois ouvidos não são exactamente iguais, morfologicamente tem características diferentes, e segundo o estudo do seu caso a par da evolução da perca auditiva dos audiogramas apresentados, vimos que o esquerdo foi sempre o mais dominante e não só, em termos de amplitude das frequências capta da melhor forma. Acreditamos que após a implantação, a A vai ter uma evolução auditiva mais pertinente. Todavia a gente não avança até a A. decidir".

Não hesitei, nem duas vezes. Sorri. A decisão era minha, ninguém tem autoridade em impor-se nela. Arquitectei a minha voz, "Dra.S. vamos, vocês vão pôr-me a ouvir!"

Cheguei ao meu quarto de internamento, cheirava a novo, tinham feito obras à pouco tempo, escolhi a cama e ali permaneci.


http://ouvido-bionico.blogspot.com/2010/06/antevisao-da-cirurgia-em-2007-ii.html

Antevisão da Cirurgia em 2007 - III

Não conseguia dormir, dei voltas na cama a noite inteira de desassossego e ânsia. O sol alteava, lembro-me de acordar bastante cedo, e a enfermeira aparecer no quarto para me dar uma bata com o logótipo azul do Hospital dos Covões para vestir. Perguntou de como me sentiria na véspera da cirurgia. Aparentemente em paz respondi, de sorriso brando e pacífico pois era algo que ansiava já há muito tempo, por isso não valia a pena ter os medos assombrar o instante mágico que acreditei tudo correr bem. Fui ainda à casa de banho finalizar os preparativos de higiene com o cabelo seco lavado de betadine da noite anterior.

Das minhas companheiras de quarto, a pequena M enfaixada e implantada há poucos dias dormir no berço mais a sua mãe M. A menina no alto dos seus dois anos acordara a pedir uma bolacha da embalagem do Noddy, ao me ver deu-me um beijinho e um abraço, de ela querer saltar para cima da cama brincar. Do olhar preocupado e temeroso do que se estava a acontecer. O ponteiro do relógio apontava para as 9h, era agora, mais duas enfermeiras entraram para me medirem a tensão, deram luz verde para me levarem ao bloco operatório empurrando-me na cama rolante. Espanto comigo própria, devia estar apavorada, mas não estou. Quero o Implante Coclear embutido em mim, para que ninguém mo tire, para que possa finalmente ouvir o mundo e sair do silêncio para a canção.

A enfermeira carregou no botão vermelho do elevador, a pequena M começa chorar, todos se surpreendem, incluído eu. Digo, não chores princesa, daqui nada estou de novo contigo e vamos poder brincar. Tenho a prótese no ouvido esquerdo, uma despedida solene daquele que foi meu aliado durante muitos anos. Aceno a mão em jeito de um até já.

Retirei da orelha, o aparelho com sorrisos de bege que finalmente iria descansar, e o beijei. O meu coração batia muito depressa. Nunca tinha sido operada, não estava entre a vida e morte. À medida que ia aproximando da sala de cirurgia um arrepio percorreu na nuca, devido à mudança de temperatura, senti uma pequena corrente de ar a vaguear naquele corredor cinza-escuro.
Entrei adentro, na espaçosa sala banhada de azulejos de um verde alface, observei em redor, enfermeiras e médicos vestidos de bata verde, com máscaras coladas no rosto. Aquela luz cegava os meus olhos, uma grande aréola redonda de metal apontada para a tarimba dura e desconfortável.

Saltei da cama para a outra, e uma das enfermeiras pegara na minha mão direita donde tenho o cateter, recordo de ela tentar desentupir o canal para que o líquido da anestesia começasse a fazer efeito, mas não conseguia pois aparentemente estava defeituoso. Ora, acabaram por me tirarem e colocar outro em boas condições, não me doeu nada, nem um pouco. Depois aplicaram aqueles fios de motorização cardíaca no meu peito e em segundos visualizei acima da mesa um estojo embrulhado de plástico transparente, tão bonito e perfeito. Daqui a umas duas horas estaria dentro de mim a dançar na cóclea!

Aproximou o Dr.F, afável e prometedor, os lábios dele agitam para puder lê-lo “Dormiu bem A.? Está pronta? Vamos a isso! Pô-la a ouvir!” – chegara a hora de por fim ao silêncio, e recomeçar a vida com outra perspectiva, uma mudança plena de sensações. De repente fiquei com tanto sono, uma força poderosa em fechar os olhos, ainda resisti um pouco mas foi demais. Desliguei-me completamente. O sonho começou dar vida.

Lentamente, no recobro ainda de olhos cerrados sinto um aperto na cabeça, e o ar quente a transcorrer por entre as minhas pernas e evoco a cirurgia! O implante coclear! Tudo me vem à consciência, levito o braço em direcção à cabeça, e os dedos tocam a textura da ligadura. Feliz, respiro, o mais difícil já foi! Contemplo momentaneamente o trunfo de conquista, finalmente IMPLANTADA.

29 de Junho de 2007.

http://ouvido-bionico.blogspot.com/2010/06/antevisao-da-cirurgia-em-2007-iii.html

http://ouvido-bionico.blogspot.com

4Crónicas Cocleantes Empty Re: Crónicas Cocleantes Ter Jul 06, 2010 12:03 pm

Alice

Alice
Admin
Admin

terça-feira, 6 de Julho de 2010

Esconder o IC ou não?

A última coisa antes de sair de casa é ver-me ao espelho, ajeitar o cabelo a meu gosto e a seguir colocar o IC. Dá para entender que ele fica perfeitamente camuflado por entre os fios do meu cabelo, uma vez a bobina tem cor de chocolate mas houve alguém que me perguntou um dia:

"Não te incomoda os olhares das pessoas quando observam para o teu processador?"

Parei para pensar na definição daquela frase, e a realidade não me incomoda, é-me indiferente para o que as pessoas me olhem de soslaio com certa curiosidade ou estranheza acerca do objecto magnético transportado na minha orelha como se fosse plano de estudo analítico. Posso sempre tentar esconde-lo ou expor-lo ao mundo, mas escolho na maior parte das vezes a segunda opção, não porque queira evitar cautelosamente a troca de olhares... se me sinto bem com ele (o IC) porque havia de o cobrir? Não faz sentido.

Afinal necessito dele para ouvir, e também tenho nele um carinho enorme, ele é contudo uma das partes da minha enunciação enquanto pessoa transformadora.

http://ouvido-bionico.blogspot.com/2010/07/esconder-o-ic-ou-nao.html

http://ouvido-bionico.blogspot.com

5Crónicas Cocleantes Empty Re: Crónicas Cocleantes Ter Jul 06, 2010 10:54 pm

claudia costa



Alice,

Revivi estes momentos, tal e qual!A única diferença é que fui comer o leitão com as tais batatas fritas, no dia da minha alta! Tão bom...!
E, obrigada por teres feito recordar esses dias que mudaram a nossa vida...!
Bjs.

Cláudia Costa

6Crónicas Cocleantes Empty Re: Crónicas Cocleantes Ter Jul 06, 2010 11:14 pm

Alice

Alice
Admin
Admin

Cláudia,

Por vezes é bom rebobinar as recordações, tem um sabor memorável e tudo se estende ao infinito. Nunca esqueceremos esses momentos, marcado para toda a eternidade.

Um beijo!
Very Happy

Alice

http://ouvido-bionico.blogspot.com

7Crónicas Cocleantes Empty Re: Crónicas Cocleantes Sex Jul 30, 2010 3:57 pm

Alice

Alice
Admin
Admin

Estou a portar um bocadinho mal em não escrever notícias, quer aqui ou no meu Blogue pessoal, a verdade é que me encontro desenfreada com os trabalhos, mas suspiro de alivio pois hoje é o último dia e terei férias merecidas, não vejo é a hora de gritar YES!

Porém, vim contar algumas novidades que se sucederam ontem, eu e os meus colegas combinamos em encomendarmos umas pizzas, coube-nos aguardar no rés do chão da faculdade pelo motociclista enquanto eles iam ao hipermercado comprar as bebidas. Ora, à conversa com a minha amiga, escutava tudo que era ruído, telefone da secretária a tocar, passos corridos nas escadas do edifício, o barulho da máquina de café no bar do 2º piso, as risadas de um grupo numa das salas, música a rolar. A estrada da minha faculdade é bastante movimentada e por norma deveras barulhenta!

Estávamos ambas sentadas dentro do edifício nos degraus quando de repente ao de longe ouço uma motorizada a aproximar-se... ouvido e cérebro em alerta, digo, olha vem aí uma mota, deve ser ele. E não é que o rapaz da entrega de pizzas apareceu?!

Esfomeadas, fomos para a sala. Escuto o som do ar condicionado, cadeiras arrastadas, e o ruído das ventoinhas dos portáteis pousados na mesa, pouco tempo depois chegou a malta com sacos de bebidas nas mãos. Não me viro, estou de costas voltadas a apreciar em plenitude a pizza de ananás, cogumelos e bacon até que de repente ouço "Alice, toma a seven up!"

Virei-me de relance, e nem sequer tinha recorrido à leitura labial, mais uma vez agarro na garrafa verde agradecendo sem retirar os olhos na pizza e ouço: "Olha ela já está a comer! Vamos estou morta de fome!" Houve um baile de gargalhadas. É tão gostoso sentir estes sons em mim.

Se imaginassem como foi o meu riso interior, esta prenda que recebi ontem para hoje em jeito de comemoração dos meus 3 anos de activada!

Um beijo
Alice

http://ouvido-bionico.blogspot.com

8Crónicas Cocleantes Empty Cyborg Baterista Qui Nov 25, 2010 11:44 am

Alice

Alice
Admin
Admin

É incrível como tudo muda na nossa vida depois de fazer o Implante Coclear, há ainda a necessidade da procura constante do nosso verdadeiro eu em relação às coisas que nos passam pela frente.

Queremos saboreá-las. Senti-las. Maravilhar e chorar também em sons que nos foram vedados pois pensámos que jamais iríamos voltar ouvir. É a dor deixar-se ir, aos pedaços quando a emoção nos chega de mansinho como uma simples carícia, e neste movimento podemos escutar como soa de forma precisa, em cada tecido de roupa porque o som não é igual, nunca produz de forma idêntica. Vai chegar um dia que seremos incapazes de nos desmembrar enquanto vivermos.

Estamos submersos nesta maravilhosa linguagem dos sons, qual reportório albergado das mais infinitas sonoridades, e foi assim de repente, em segundos desprovida de visão um despertar rumor naquela melodia e reconheci-me sem sombra para dúvidas em cada batida e batuques metálicos. Era alguém a tocar bateria.

Aproximei-me colada junto da porta a ouvir, podia ouvir diferentes intensidades, ritmos e intervalos de tempo. Sim, queria aprender tocar e foi então que pensei “porque não?” – não demorei tempo, a seguir subi para cima e inscrevi-me na actividade.

Foi sublime, maravilhoso sentir a música entrar em mim, profundo e intenso. Fiz assim a primeira aula, superando todas as minhas expectativas, e o professor estava… encantado oferecendo-me as baquetas dos EUA recém estreadas. Segunda-feira recomeço de novo com o trabalho de casa feito, a de tocar nas panelas!

Aqui me despeço com beijinhos sonoros a quem me lê, completando 3 anos, 3 meses, 3 semanas e 3 dias de activada.

http://ouvido-bionico.blogspot.com

9Crónicas Cocleantes Empty Re: Crónicas Cocleantes Sáb Dez 15, 2012 1:34 pm

Alice

Alice
Admin
Admin

5 anos depois da primeira cirurgia no ouvido esquerdo, as conquistas continuam encantar-me, o processador tem uma bonitinha rachadura de fazer parar o mundo! De repente pus-me a pensar de como seria escutar com dois ouvidos simultaneamente? Iniciou-se desta forma a saga ao Implante coclear Bilateral - loucura total - decidida busquei saber como iniciar de novo todo este processo cá em Portugal.

As informações foram desanimadoras, o Hospital e o Estado só podem oferecer apenas 1 IC, ora temos duas orelhas, e para quê elas servem? Para reagirmos à direccionalidade dos sons, e facilitar a discriminação verbal em termos de ruídos, logo, 2 IC são sempre melhores que apenas 1 IC, mas... infelizmente em Portugal não é possível fazer gratuitamente, temos de arcar com as despesas no custo astronómico de 50.000€ - um preço de uma casa e de um carro - beleza!!! Quem tiver seguro apropriado para tal, boa, será talvez possível dependendo do estado do ouvido!

Meu deus.... sim, meu deus... e mais 10.000€ para efectuar a troca de processador, não é brincadeira, custa uma vida toda! Contudo, lá decidi, dentro em breve fazer o IC Bilateral pois a maneira como caminho pela rua desajeitamente tem consequências nas quedas inevitáveis, o balanceamento tão desordenado, a dificuldade de me segurar direita à noite em caminhos de pouca luz! Acontece o mesmo convosco?!

2013 está no virar da esquina!

Beijos
Alice

http://ouvido-bionico.blogspot.com

10Crónicas Cocleantes Empty Re: Crónicas Cocleantes Sex Dez 21, 2012 4:24 pm

LuisCardoso

LuisCardoso

Antes de mais, os meus parabéns pela tua evolução auditiva!
Já que o tema financeiro veio à baila, sejamos sérios. Gostaria de saber mais em concreto sobre custos, se alguém souber agradecia.

Quanto custa:

a) Implantar num só ouvido: elétrodo + processador + terapia.

b) Implantar nos dois ouvidos: 2 elétrodos + 2 processadores + terapia.

c) Dois processadores Nucleus 5 + comando.

d) (Uma questão no mínimo esquisita): existirá alguma possibilidade de o Estado comparticipar apenas a cirurgia nos dois ouvidos (2 elétrodos), ficando as despesas dos 2 processadores + terapia a cargo do paciente?

http://www.niceday.pt

11Crónicas Cocleantes Empty Re: Crónicas Cocleantes Sáb Dez 22, 2012 1:26 am

Rosa

Rosa
Moderador
Moderador

Olá, Luís!

Não é a cirurgia que fica cara, é o dispositivo que fica caro. Só o dispositivo custa à volta de 25 000 euros. E agora multiplique por dois? São 50 000 euros!!!

Não sei como nós implantados havemos de ganhar para pagar isto. E que não dura sempre.

Saudações sonoras,
Rosa

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