É sempre bom ouvir coisas boas da vida, agradecer, ou fazer um comentário positivo acerca de algo. O implante coclear é com certeza a melhor solução para muitas pessoas, que sem esta ajuda podiam ficar presas ao mundo do silêncio.
Saber ouvir, e ter a qualidade de ouvir, são características confundíveis, mas totalmente diferentes. Porque saber ouvir, parte cognitivamente de cada um, e é o acto de ter a habilidade de querer saber o que se ouve, entender aquilo que se passa. A qualidade de ouvir, é parte integrante da biologia humana, que apreende os sons por estímulos, e converte-os em significados interpretados pelo cérebro.
Deixar de ouvir, é algo desastroso e triste. Pois, ouvir, dá-nos a sensação dos sons e dos ruídos que nos permitem sentir o que nos rodeia. Ouvir uma música, ouvir um pássaro a piar, ou ouvir uma pessoa a falar, é algo tão importante, que é quase uma necessidade imprescindível para o nosso desenvolvimento, e dá a beleza que uma imagem por si só não tem.
Pergunto a quem hoje ouve: Seria capaz de ver um filme sem ouvir as vozes dos personagens? Seria capaz de andar na rua sem ouvir as crianças a brincar, ou a chuva a cair, ou por exemplo, sem ouvir o que as outras pessoas vão dizendo?
Parece-me um sentido fundamental para nós, a tão afamada Audição. E devemos fazer os possíveis por nunca deixarmos cair na tentação da surdez. Deixar de ouvir, é como deixar de fazer exercício físico (para qualquer idade), ou sentarmo-nos no sofá sem sairmos para passear. Porque ouvir é viajar pelo mundo - o mundo dos sons, e daqueles que nos têm algo para falar.
Quando um médico aconselhar a cirurgia para o implante coclear, não imaginem as seringas, os bisturis, ou o facto de pensarem que alguém vai mexer no vosso corpo... Nada disso é importante! Sintam que quando estão anestesiados, dormem e não sentem nada, e que não têm dor...
Eu próprio já partilhei esse medo, quando fui para cirurgia, e todas as pessoas próximas de mim que sentiam o meu medo, diziam... "Quando estiveres anestesiado, adormeces... Quando acordares, tudo já passou. Nem dás por isso!...". Depois, ficarás livre, livre da operação, livre de seres surdo, e livre para poderes ouvir.
Sinto que fui tão estúpido com aquela sensação de medo à cirurgia, que me fez chorar quando estava a ser internado. Porque as enfermeiras trataram-me tão bem, que quase nem dei pelo tempo passar... E hoje, até sinto saudades daquelas pessoas que cuidaram de mim. Foram pessoas fantásticas, que me fizeram sentir quase como em casa.
Lembro que na madrugada do dia de operação, acordei exaltado com receio da operação, e a enfermeira Clara disse-me que iria correr tudo bem. Lembro-me de as empregadas me levarem as refeições ao quarto, e por cima, davam-me uma ou duas gelatinas gostosas. Lembro-me de o padre me vir abençoar ao quarto, para que recuperasse bem da operação e pudesse ouvir melhor ainda. Lembro-me de visitar aquele jardim tão lindo e arranjadinho do Hospital (quando as enfermeiras disseram que já podia sair do quarto). Lembro-me de entrar na igreja do Hosital (é verdade! o hospital tem uma igreja) gira, onde rezei poder ter a minha audição salvaguardada... Lembro-me de o meu médico dar-me alta, ver os próximos ocupantes do quarto onde estive uma semana, os quais também são hoje implantados (duas meninas). Lembro-me de sair ansiosamente do Hospital, de regressar a Lisboa, para poder voltar a ver os meus amigos com a minha nova esterofonia...
Hoje sinto-me feliz, e todos acreditam que ter optado pelo implante coclear, foi uma das opções mais certas e importantes para a minha vida. Não porque sem ele não deixaria de ouvir (pelo menos, relativamente a hoje em dia), no entanto, porque nunca deixarei de ouvir.
Obrigado por todos aqueles que me permitiram que hoje tenha esta audição.
Cumprimentos
Saber ouvir, e ter a qualidade de ouvir, são características confundíveis, mas totalmente diferentes. Porque saber ouvir, parte cognitivamente de cada um, e é o acto de ter a habilidade de querer saber o que se ouve, entender aquilo que se passa. A qualidade de ouvir, é parte integrante da biologia humana, que apreende os sons por estímulos, e converte-os em significados interpretados pelo cérebro.
Deixar de ouvir, é algo desastroso e triste. Pois, ouvir, dá-nos a sensação dos sons e dos ruídos que nos permitem sentir o que nos rodeia. Ouvir uma música, ouvir um pássaro a piar, ou ouvir uma pessoa a falar, é algo tão importante, que é quase uma necessidade imprescindível para o nosso desenvolvimento, e dá a beleza que uma imagem por si só não tem.
Pergunto a quem hoje ouve: Seria capaz de ver um filme sem ouvir as vozes dos personagens? Seria capaz de andar na rua sem ouvir as crianças a brincar, ou a chuva a cair, ou por exemplo, sem ouvir o que as outras pessoas vão dizendo?
Parece-me um sentido fundamental para nós, a tão afamada Audição. E devemos fazer os possíveis por nunca deixarmos cair na tentação da surdez. Deixar de ouvir, é como deixar de fazer exercício físico (para qualquer idade), ou sentarmo-nos no sofá sem sairmos para passear. Porque ouvir é viajar pelo mundo - o mundo dos sons, e daqueles que nos têm algo para falar.
Quando um médico aconselhar a cirurgia para o implante coclear, não imaginem as seringas, os bisturis, ou o facto de pensarem que alguém vai mexer no vosso corpo... Nada disso é importante! Sintam que quando estão anestesiados, dormem e não sentem nada, e que não têm dor...
Eu próprio já partilhei esse medo, quando fui para cirurgia, e todas as pessoas próximas de mim que sentiam o meu medo, diziam... "Quando estiveres anestesiado, adormeces... Quando acordares, tudo já passou. Nem dás por isso!...". Depois, ficarás livre, livre da operação, livre de seres surdo, e livre para poderes ouvir.
Sinto que fui tão estúpido com aquela sensação de medo à cirurgia, que me fez chorar quando estava a ser internado. Porque as enfermeiras trataram-me tão bem, que quase nem dei pelo tempo passar... E hoje, até sinto saudades daquelas pessoas que cuidaram de mim. Foram pessoas fantásticas, que me fizeram sentir quase como em casa.
Lembro que na madrugada do dia de operação, acordei exaltado com receio da operação, e a enfermeira Clara disse-me que iria correr tudo bem. Lembro-me de as empregadas me levarem as refeições ao quarto, e por cima, davam-me uma ou duas gelatinas gostosas. Lembro-me de o padre me vir abençoar ao quarto, para que recuperasse bem da operação e pudesse ouvir melhor ainda. Lembro-me de visitar aquele jardim tão lindo e arranjadinho do Hospital (quando as enfermeiras disseram que já podia sair do quarto). Lembro-me de entrar na igreja do Hosital (é verdade! o hospital tem uma igreja) gira, onde rezei poder ter a minha audição salvaguardada... Lembro-me de o meu médico dar-me alta, ver os próximos ocupantes do quarto onde estive uma semana, os quais também são hoje implantados (duas meninas). Lembro-me de sair ansiosamente do Hospital, de regressar a Lisboa, para poder voltar a ver os meus amigos com a minha nova esterofonia...
Hoje sinto-me feliz, e todos acreditam que ter optado pelo implante coclear, foi uma das opções mais certas e importantes para a minha vida. Não porque sem ele não deixaria de ouvir (pelo menos, relativamente a hoje em dia), no entanto, porque nunca deixarei de ouvir.
Obrigado por todos aqueles que me permitiram que hoje tenha esta audição.
Cumprimentos